(...) P. A. Sitney, provavelmente o melhor historiador da vanguarda cinematográfica americana, com a vantagem de ter um enfoque racional sobre um cinema que costuma ser esotérico, vê duas tendências principais nesta primeira geração de vanguarda nos Estados Unidos, à qual pertence Brakhage. Uma delas é o que Sitney define como o trance film. Segundo o dicionário Webster, trance significa “arrebatamento; êxtase; transporte; estado cataléptico ou hipnótico; estado mediúnico”. Num trance film o protagonista deambula de modo sonâmbulo em espaços semi-vazios, numa clara herança dos trabalhos de Cocteau e Buñuel nos anos 20, em filmes que aceitam e até exigem a perspectiva clássica e o ilusionismo fotográfico, de que são exemplos os trabalhos de Maya Deren. (...)
Antonio Rodrigues
Folhas da Cinemateca
in catálogo "cinematografia – coreografia 2"
Lisboa, Outubro de 2008