segunda-feira, 29 de outubro de 2012

CINEMATOGRAFIA - MUSICALIDADE 2


Se nas edições anteriores a ideia de coreografia no cinema não se reduzia às comédias musicais ou às cenas dançadas,  nem a teatralidade no cinema à representação do teatro ou à presença visível do teatro dentro do filme, trata-se agora de abordar, pela segunda  vez, a musicalidade como ela se revela nos diferentes aspectos da mise en scène dos filmes.
Isso leva-nos a abordar a musicalidade no cinema não apenas pela utilização que pode ser feita da música nos filmes mas também, e sobretudo, pelo tratamento cinematográfico do tempo, seja pela montagem, o movimento, o contraponto imagem-som, as rupturas cronológicas, o ritmo, o leitmotiv, a alternância das luzes, etc.
Desde os primórdios do cinema que os realizadores reinvindicaram uma forma cinematográfica mais próxima da musicalidade do que da narrativa. Foi nomeadamente o caso das avant-garde francesas, mas também das alemãs dos anos 20, ainda na época do cinema mudo, que procuravam libertar o cinema das reproduções teatrais ou literárias. Desconstrução da narrativa pela fragmentação, o estilhaçar do tempo, a procura de um ritmo fora de um contexto narrativo.
Mas a musicalidade no cinema não se esgota evidentemente com o fim das suas pesquisas formais. Com a chegada do cinema sonoro, a banda sonora, vai participar nisso muito fortemente: a relação entre ruídos e sons naturais, a textura das vozes, o silêncio. Disso La Petite Lise, de Jean Grémillon, que descobrimos graças á insistente recomendação de Jean-André Fieschi, é a prova mais exemplar.
Teremos a presença de Bernard Eisenschitz, Carlos de Pontes Leça, Cyril Neyrat, Florent Guézengar, Pedro Costa, Pierre Léon, Renaud Legrand, Rita Azevedo Gomes, entre outros, para participar nas conversas (informais) sobre estes filmes.
Esta programação foi concebida e coordenada por Pierre-Marie Goulet, Teresa Garcia e Ricardo Matos Cabo em conjunto com a Cinemateca Portuguesa e com a colaboração de Bernard Eisenschitz, Pierre Léon, Cyril Neyrat e Stéfani de Loppinot.
Um catálogo que inclui textos inéditos dos participantes considerando esta perspectiva da musicalidade acompanha (e prolonga) este ciclo.