segunda-feira, 21 de novembro de 2011

SPOOK SPORT de Mary Ellen Bute e Norman McLaren - 22.11.2011 - 19h00


(…) Spook Sport, de 1939, é um ballet fúnebre à meia-noite de fantasmas a levantar-se das campas, morcegos às voltas e ossos de esqueletos a dançar ao som de Danse Macabre de Camille Saint-Saëns. Bute colaborou em Spook Sport com Norman McLaren cujo estilo impregna o filme. Desenhando a tinta directamente na película, McLaren executou simples ícones que representam as pedras funerárias, os morcegos, os sinos e os ossos. Estas figuras agitadas, nervosas e saltitantes sugerem o sentido estilístico do jogo visual e rítmico de McLaren, mas a fluidez do movimento, as harmonias cromáticas dramáticas e o rico uso da profundidade de campo são sobretudo típicas do estilo altamente individual de Bute. Spook Sport, no entanto, oferece contornos narrativos temporais mais nítidos do que em qualquer outro filme de Bute. Começa com um relógio a dar a meia-noite e termina com o sol nascente e o cantar do galo. Ainda para mais inspira-se nas convenções das conhecidas Silly Symphonies de Walt Disney e, de facto, uns anos antes, Disney tinha filmado uma Danse Macabre, um ballet no cemitério em Skeleton Dance de 1928.  No entanto, de modo diverso do de qualquer filme de Disney, Spook Sport equilibra de forma magnífica a abstracção e a experimentação formal com música programática familiar e com a sugestividade representacional dos géneros de entretenimento populares. É irónico que Fantasia de Disney (1940), estreado um ano depois,  se tenha tornado no emblema para este tipo de animação, já que Spook Sport ganhava a Disney no seu próprio jogo. Tal como as fundações da arte da animação de sucesso, Spook Sport recorre a um tema e música familiares. Mas, ao contrário do trabalho de Disney, Spook Sport coloca as propriedades formais básicas no primeiro plano como matéria expressiva.
Lauren Rabinovitz
"Mary Ellen Bute"
in Lovers of Cinema: The First American Film Avant-Garde, 1919-1945
Jan-Christopher Horak