segunda-feira, 14 de novembro de 2011

RAPT de Dimitri Kirsanoff - 17.11.2011 - 22h00


(...) Não sendo o único elemento a que se deve prestar atenção em Rapt, o som (e, em particular, a banda musical de Arthur Honegger e Arthur Hoerée) é um aspecto especialmente interessante, quer pela forma como se tenta descolar de uma mera função “realista” quer por os ecos da “avant garde” dos anos 20 passarem, em grande parte, pela articulação que filme faz entre a música e as imagens (repare-se, por exemplo, nas sonoridades que acompanham a noite final, durante a tempestade, e que mais do que um “comentário à dramaturgia” correspondem, elas próprias, a um instrumento fundamental na construção dessa dramaturgia).(...)
Luís Miguel Oliveira
Folhas da Cinemateca
in catálogo "cinematografia - musicalidade 1"
Lisboa, Novembro de 2011

(...) Kirsanoff sobrepõe uma outra linha de composição/montagem sobre a música  de Honegger, contrapondo ritmicamente elementos sonoros naturalistas, de forma a criar uma dinâmica musical sobre a paisagem, construindo simultaneamente na montagem um paralelismo narrativo que nos conduz de imediato ao drama central da história, o rapto.
O ritmo que se estabelece desde então culmina na sequência da tempestade, onde Kirsanoff cria uma forma inovadora de plasticidade musical, ao provocar um clima de tensão progressivo pelo uso sistemático de frases musicais que se repetem, construídas sobre solos dissonantes da orquestra de Honegger, com recorrência às Ondes Martenot e montadas sobre as imagens da tempestade por Hoérée.(...)
José Nascimento
in catálogo "cinematografia - musicalidade 1"
Lisboa, Novembro de 2011