domingo, 13 de novembro de 2011

EILEITUNG ZU ARNOLD SCHOENBERGS “BEGLEITMUSIK ZU EINER LICHTSPIELSCENE” - (Introdução à "Música de Acompanhamento para uma Cena de Cinema" de Arnold Schoenberg) de Jean-Marie Straub e Danièle Huillet - 16.11.2011 - 19h30


(...) O historiador materialista, explorador das constelações, é um montador de tempos. Como é que esta ideia esclarece uma certa relação entre a música e o cinema? É que montar os tempos não é restituir a ilusão de um tempo linear, mas, pelo contrário, destrui-la para criar contrapontos ou dissonâncias temporais. Bach, ou Schönberg. Schönberg libertou a dissonância, isto é, uma concepção da composição musical como montagem. Porque também ele atravessou a história do século em constante dissonância; a sua vida e a sua obra compõem a figura de um herói do materialismo histórico.

Einleitung zu Arnold Schönbergs Begleitmusik zu einer Lichtspielszene (Introdução à ‘Música de Acompanhamento para uma Cena de Cinema’ de 'Arnold Schoenberg'”) é um filme-constelação e uma grande lição de história materialista. Straub e Huillet puseram em música a história do século, compuseram o equivalente cinematográfico de uma música atonal que, produzindo as dissonâncias da história a partir das dissonâncias de uma vida de homem e de artista, ainda conservava, em 1972, a última esperança de Benjamin: "libertar a criança do século das teias nas quais eles a enredaram".
Cyril Neyrat
in catálogo "cinematografia - musicalidade 1"
Lisboa, Novembro de 2011