terça-feira, 3 de novembro de 2009

SIMONE BARBÈS OU LA VERTU de Marie-Claude Treilhou - 07.11.2009


(...) Como conjugar uma verdade indiscutível na pintura dos sentimentos e das situações com a recusa de uma chantagem à autenticidade? O dispositivo (chamemos-lhe assim) adoptado poderia constituir uma solução. Três partes, mas também três lugares cuja leitura paradoxal não pode negar-se. O filme adiciona, assim, três sequências, três momentos numa noite de Simone Barbès, a “heroína” do filme, incarnada por Ingrid Bourgoin. O primeiro segmento situa-se no hall de um cinema pornográfico, o segundo num bar nocturno de lésbicas, o terceiro no carro de um desconhecido que propõe à jovem levá-la a casa. Três lugares intensamente ligados à realidade (da época, sobretudo, quanto aos dois primeiros) e ao mesmo tempo três lugares “artificiais” pelo facto de condensarem toda uma dimensão teatral, mesmo se esse teatro também faz parte da vida. (...)
Jean-François Rauger
in catálogo "cinematografia – teatralidade 1"
Lisboa, Outubro de 2009