domingo, 4 de novembro de 2012

WILLOW SPRINGS de Werner Schroeter - 08.11.2012 - 21h30


(...) O cinema de Schroeter tem como chave de interpretação a relação entre imagem e som, sendo este último constituído principalmente pela música. Será difícil encontrar uma obra cinematográfica onde a música desempenhe o papel de construtora de um sentido como o que tem na de Schroeter. Em particular a ópera que percorre toda a obra do realizador e lhe impõe a sua estrutura narrativa, seja na construção de momentos de êxtase em que os seus filmes são abundantes, como pela apropriação de imagens e figuras particulares do “bel canto” (os seus primeiros filmes em 8mm têm em Maria Callas um culto apaixonado, Der Tod der Maria Malibran refere-se a uma lendária cantora do século passado) “vampirizadas” e transfiguradas na perturbante presença da sua actriz fétiche, Magdalena Montezuma.(...)

A própria forma como a pouco e pouco se foi construindo Willow Springs corresponde a uma “narrativa” “schroeteriana”: uma abordagem pelo exterior, cenários e rostos (e sons, principalmente sons, de novo a ópera), para chegar ao âmago, que é a história da relação de três mulheres que vivem isoladas no deserto..(...)

Manuel Cintra Ferreira
in "Folhas da Cinemateca"