domingo, 2 de dezembro de 2007

ÍNDIA SONG de Marguerite Duras - 12.12.2007


(...) Se o cinema é uma espécie de “presente” revivido a cada projecção, uma “arte do presente” que, passe o pleonasmo, se eterniza perpetuamente, então um filme como Índia Song, que utiliza o som para atirar as suas imagens para o passado, que as faz desfilar como o “filme” fragmentado e assombrado projectado por uma memória alucinada – então Índia Song é o (único?) filme inteiramente conjugado no passado, o filme que vemos sabendo sempre que não estamos lá, e que não estamos agora (e portanto, como diria Duras, o “filme que não vemos”), onde não há nenhuma reconstituição porque nenhum simulacro de presente é possível (ou mataria o filme). (...)
Luís Miguel Oliveira
in catálogo "cinematografia – coreografia
Lisboa - Novembro de 2007