(…) O tema do retrato, em "La vie après la mort", é pois a própria amizade: nem Pierre, nem Jean, mas o sentimento que os liga. O tema de "L’Heure du Berger" é a sobrevivência dessa amizade na casa de Jean e de Pierre. Pela primeira vez neste filme Pierre Creton atreve-se àquilo que ele considerava “proibido”: sobreimpressões.
A primeira acompanha a retoma de um dos mais belos planos de "La vie après la mort", quando Marie Le Pallec, a amiga com quem tinha comprado a casa de Jean Lambert canta para o morto versos de Verlaine. Sobre a imagem da amiga que canta este lamento, Pierre Creton sobre-imprime a sua própria silhueta murmurando sete anos depois a mesma canção. Mudo, acompanha com o movimento dos lábios o canto de Marie num dueto perturbador, fantástico, espectral: sete anos depois o lamento continua, a dor está presente mas apaziguada, a homenagem ao morto continua.r Pierre na casa do falecido Jean, o filme chama-se "La vie après la mort". Começa com um extraordinário retrato duplo de amizade.(...)
Cyril Neyrat
in catálogo “cinematografia-cinematografia"