(...) Tanto num diálogo de uma concisão e de uma precisão extremas (nenhuma das palavras de autor nem réplicas teatrais típicas do cinema francês), na correspondência minuciosa e imperceptível entre a acção e as palavras de uma velha canção realista, nas sobreposições sonoras que lançam uma sequência antes da imagem (a serração, o baile), como nos únicos quatro planos documentais do filme - um sem-abrigo adormecido, o rio Sena, uma oficina, uma rua ladeada de árvores -, nos quais se inscreve o diálogo do pequeno-almoço, a dialética do som e da imagem é tão subtil quanto a do Anjo Azul, seis meses anterior mas estreado em Paris, na versão original, depois de Grémillon.(...)
Bernard Eisenschitz
in catálogo "cinematografia - musicalidade 2"
Lisboa, Outubro de 2012