It’s Always Fair Weather – o mais fabulosamente triste dos musicais de Donen e Kelly – é o fecho de uma das mais portentosas trilogias do musical americano, começada em On the Town e prosseguida em Singin’in the Rain. (...) Para além dos três filmes assentarem na mesma estrutura (a do integrated dance musical), reparar-se-á que It’s Always... funciona como um receptáculo dos temas dos outros dois: o trio de marinheiros de On The Town tem o competente paralelo nos três protagonistas masculinos daquele, enquanto a abordagem dos “media” iniciada por Singin’in The Rain dá agora lugar a uma pertinente incursão pelos territórios televisivos. (...)
Depois de 1955 e de It’s Always..., o musical não podia regressar à inocência de outrora, fosse por imperativos de “consciência” (estavam ultrapassados os tempos de simultâneo “escapismo” e “empenhamento” determinados pela conjuntura da II Guerra), fosse por imperativos orçamentais, de que a restrição sentida neste caso pelo “tandem” Donen-Kelly é um bom exemplo. Nada podia ficar como dantes. (...)
M.S. Fonseca
in Folhas da Cinemateca