quarta-feira, 2 de novembro de 2011

CINEMATOGRAFIA - MUSICALIDADE 1


Se nas edições anteriores a ideia de coreografia não se reduzia às comédias musicais,  nem a teatralidade à representação do teatro ou á presença visível do teatro dentro do filme, trata-se agora de abordar a musicalidade como ela se revela na “mise en scène” dos filmes.
Isso leva-nos a abordar a musicalidade cinematográfica não apenas pela utilização que pode ser feita da música mas também, e sobretudo, pelo tratamento cinematográfico do tempo, quer seja pela montagem, o movimento, o contraponto imagem-som, as rupturas cronológicas,  o ritmo, o leitmotiv, a alternância das luzes, etc.
Desde os primórdios do cinema que os realizadores reinvindicaram uma forma cinematográfica mais próxima da musicalidade do que da narrativa. Foi o caso das “avant-garde” francesas e alemãs dos anos 20 que procuravam libertar o cinema das reproduções teatrais ou literárias. Desconstrução da narrativa pela fragmentação, o estilhaçar do tempo, a procura de um ritmo fora de um contexto narrativo. Com a chegada do cinema sonoro, a banda sonora, vai participar nisso muito fortemente: a relação entre ruídos e sons naturais, a textura das vozes, os silêncios…
Esta primeira edição dedicada ás relações cinematografia-musicalidade abre pistas que serão desenvolvidas nas próximas edições, daí a grande variedade de filmes propostos, desde os filmes mudos aos filmes contemporâneos, passando por filmes de animação, por filmes conhecidos ou desconhecidos.
Teremos a presença de Alberto Seixas Santos, Bernard Eisenschitz, Cyril Neyrat, Diogo Dória, João Pedro Rodrigues, João Rui Guerra da Mata, José Nascimento, José Manuel Costa, Luís Miguel Oliveira, Maria João Madeira, Pierre Léon, Renaud Legrand, Antonio Rodrigues, entre outros,  para participar nas conversas (informais) sobre estes filmes.
Esta programação foi concebida e coordenada por Pierre-Marie Goulet, Teresa Garcia e Ricardo Matos Cabo em conjunto com a Cinemateca Portuguesa e com a colaboração de Bernard Eisenschitz, Cyril Neyrat, Pierre Léon, Renaud Legrand, Marcos Uzal e Stéfani de Loppinot.
Um catálogo, que inclui textos inéditos dos participantes considerando esta perspectiva da musicalidade, acompanha (e prolonga) este ciclo.