sábado, 1 de dezembro de 2007

PESTILENT CITY de Peter Emmanuel Goldman - 11.12.2007

James Agee chamou às ruas de Nova Iorque  um "teatro e campo de batalha". Crónica dos desapossados da grande cidade, Pestilent City é o chamamento à guerra, uma deambulação cinematográfica cinzenta e granulosa pelas ruas de Nova Iorque – um percurso Norte-Sul, de Times Square até ao Harlem. (...) Pestilent City explora o tema da deriva cinematográfica sob um fundo documental numa procura / denúncia da corrosão do tecido social norte-americano em meados da década de 60.
(...) Não sendo um filme coreográfico em essência, é, no entanto, um filme composto de movimentos, velocidades e repetições. O movimento dos passeantes dos que vivem na cidade é transformado pela câmara lenta, pelos ritmos variáveis da imagem – os gestos tornam-se mais pesados, os corpos movem-se com lentidão, a custo. Tornam-se cada vez mais bruscos, mais violentos, o filme adensa-se mais uma vez nesse vagar sem propósito, sem tempo aparente, numa negatividade sem fim.
            Ricardo Matos Cabo
            in catálogo "cinematografia – coreografia" 
Lisboa, Novembro de 2007